Bracara Augusta
O primeiro contacto entre Bracari e Romanos deu-se entre 138-136 a.C., com expedições de reconhecimento militar. Até 31 a.C., viveu-se em paz, o que favoreceu o desenvolvimento e o comércio, proporcionados pelo Império Romano.Em 26 a.C. o Imperador Augusto desloca-se pessoalmente à Península Ibérica, na sequência de guerras internas entre os líderes do Império, e é nesta fase, em que retoma o poder em toda a região entre os Pirinéus e a Galécia, que é fundada Bracara Augusta. Augusto ordena a reorganização administrativa que consiste na fundação de cidades e construção de vias, dinamizando assim o comércio a nível inter-regional. De Bracara Augusta partiriam importantes vias.
Toda esta reorganização ocorreu durante a dinastia Júlio-Claúdio (anos 14-68) e envolveu ainda a construção dos primeiros edifícios públicos de Bracara Augusta, a criação de novos bairros, desenvolveram-se actividades económicas e comerciais como a metalúrgia e a olaria. Foram então criadas condições para que inúmeros indígenas, militares e povos externos se deslocassem para viver em Bracara Augusta. Em 50 d.C., Bracara Augusta era já um importantíssimo centro comercial de toda a região.
Os primeiros dois séculos de vida da nova cidade foram caracterizados por um enorme crescimento. Durante a dinastia Flávia, a cidade conheceu um ambicioso projecto de reestruturação urbano, que depois prosseguiu sob os imperadores Antoninos. O programa flávio incluiu a criação de monumentos, termas públicas, vários bairros residênciais, resultando numa cidade de apreciável extensão (cerca de 48ha), organizada segundo o plano hipodâmico. A cidade era então ponto de partida de várias vias romanas, favorecendo o comércio e a chegada de novos habitantes
No decorrer do séc.III, Bracara Augusta, aparentemente, estagna o seu crescimento, muito por culpa da crise que se instala na Hispania. Terá sido por esta altura que se procedeu à construção duma muralha de forma elíptica que circulava a cidade por completo e continha torres, protegendo-a das perturbações que afectaram toda a Hispania. Este afastamento, e o facto da cidade poder garantir a sua sobrevivência de forma independente, parecem tê-la poupado, permitindo uma vida regular aos seus habitantes, ainda que sem grande crescimento.
Entre finais do séc.III e inícios do IV, Diocleciano cria a província de Galécia e promove Bracara Augusta a Capital. Esta província integra os três conventos jurídicos do Noroeste e parte do de Clunia e a promoção de Bracara Augusta a Capital pressupõe um novo programa de remodelação urbano e novas responsabilidades políticas e administrativas o que pode ser um justificativo para a persistência de uma vida económica e social activas, durante todo o século IV. Essas responsabilidades terão mesmo aumentado com a promoção da cidade a sede de bispado. Os numerosos cargos políticos e religiosos criados terão constituído importantes factores de fixação da população, nomeadamente a população de elite e mais abastada.
A partir da ocupação dos Suevos, que nomeam Bracara Augusta Capital política e intelectual do seu reino, a cidade terá começado a perder as suas fundações romanas, ainda assim mantendo a maioria dos seus monumentos e edifícios. Já a instauração do domínio visigótico e as posteriores incursões àrabes parecem ter destruído vários sectores da cidade, acelerando o seu despovoamento.
É por ação do bispo D. Pedro que se desenvolve uma pequeno burgo medieval em torno da Catedral Sagrada em 1089, delimitado por uma muralha. Este burgo manterá fora do seu perímetro dois terços da antiga cidade romana. São desmanteladas muitas das construções monumentais da outrora Bracara Augusta e reutilizado o seu material de construção nos novos edifícios da cidade medieval. As restantes, reduzidas a escombros terão deixado de ser visíveis, transformadas que foram as áreas extra muralha em terrenos de cultivo.
Fontes
- História de Braga - Wikipédia, a enciclopédia livre - Consultar
- Bracara Augusta: a memória de uma cidade de Manuela MARTINS - Consultar
- Bracara Augusta Cidade Romana - Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho - Consultar